Returnal Review – Roguelike de Tiro em 3ª Pessoa

Returnal é um jogo de tiro em terceira pessoa no estilo roguelike, onde tanto o planeta quanto seu equipamento mudam a cada ciclo, forçando o jogador a adaptar o estilo de jogo. Após uma queda forçada em um planeta alienígena que muda de forma, Selene se vê lutando com unhas e dentes pela sobrevivência. Ela é derrotada várias vezes e forçada a reiniciar sua jornada toda vez que morre.

Gráficos e Design

Bom, Returnal não apresenta gráficos de última geração e também não traz nada muito inovador no quesito conceito visual. O que não necessariamente é um ponto negativo, o jogo cumpre bem sua proposta. É bonito, os cenários dos biomas são bem convincentes dentro da temática de ficção científica e em especial o conceito dos inimigos são bem interessantes, ainda que sejam um tanto quanto manjados. Rapidamente você vai lembrar de algum filme de ficção científica que é bem parecido, como o caso de No Limite do Amanha. Não fiquei tão empolgado nesse aspecto porque sou um pouco mais exigente que o normal quando se trata de ficção científica, pois penso que é um dos gêneros que mais dá liberdade na criação de novos conceitos e fico desapontado quando não aproveitam isso.

Trilha Sonora

A qualidade da música é muito boa e combina perfeitamente com o clima. Há momentos em que você fica completamente imerso no melhor estilo Stranger Things. Os efeitos sonoros também não ficam para trás, embora eu tenha sentido falta de barulhos mais amedrontadores dos alienígenas ou quem sabe sons que dessem uma sensação melhor de grandes impactos e explosões durante alguns combates.

Usabilidade

Compreender as mecânicas do jogo é super tranquilo, embora a interface seja compacta e cheia de detalhes, em poucas horas de jogo é possível fazer uma leitura visual rápida de tudo. Portas categorizadas por formato e cor, ícones minimalistas de fácil compreensão, embora haja dicas no mini-mapa não é desnecessariamente poluído.

Jogabilidade

Sem sombra de dúvidas a jogabilidade é o ponto mais forte do jogo, o gameplay é muito gostoso e responsivo. As mecânicas oferecidas são, pulo, dash, muitas armas de longo alcance, espada, poderes secundários acoplados nas armas, habilidade de arma, chamado no jogo de disparo alternativo, itens consumíveis, parasitas que são como equipamentos fornecendo um buff e um debuff simultaneamente, upgrades de vestimenta que trazem novas mecânicas como jogar corrente no mapa para se locomover e ficar imune a ambientes ácidos e ainda um sistema que eu particularmente me apaixonei chamado Adrenalina.

Quanto mais inimigos em sequência você elimina sem tomar dano, maior é o nível de sua adrenalina, que fornece buffs adicionais como disparos extras nas armas. Ou seja, o jogo lhe recompensa se você jogar muito bem, quanto melhor você joga, mais benefícios terá.

A minha maior preocupação quando vou encarar um roguelike é se o jogo será ou não enjoativo. Returnal consegue manter a diversão do começo ao fim. Levei cerca de 18 horas para completar o primeiro zeramento e mesmo no final da jornada ainda eram apresentadas novas mecânicas, novas armas, novos upgrades, novos tipos de itens.

Diferente de outros roguelikes, Returnal não tem uma loja na base para que faça upgrades permanentes, ao invés disso, quanto mais explora os biomas pode encontrar novos artefatos, que são desbloqueados para todos os próximos ciclos. E as armas possuem disparos secundários, que também são desbloqueáveis quando você atinge um nível de afinidade. Embora não possa, por exemplo, aumentar o dano base permanentemente de uma arma, ela poderá receber mais tipos de disparos secundários e que tem seus próprios níveis de força. Em resumo, você tem upgrades permanentes, mas os mais relevantes não são diretamente no personagem.

O jogo também oferece algumas melhorias para seu traje que permitem explorar áreas inexploráveis no primeiro zeramento, tendo assim um ótimo fator de rejogabilidade, onde você poderá conhecer áreas novas dentro de um bioma e desbloquear novos artefatos e armas.

Por fim, e não menos importante, o jogo possui um modo cooperativo para aqueles que curtem jogar com os amigos. Não tive oportunidade de testar este modo, mas ouvi diversos elogios a esta modalidade.

Level Design

Os mapas são muito atraentes, apesar de ser um roguelike, há regiões enormes que até mesmo instigam serem exploradas. Ao invés de salas ou arenas para avançar, existe todo um mapa conectado com uma aleatoriedade sutil. Em diversos momentos eu achava que era o mesmo mapa, mas que iniciava a partida em um ponto aleatório, até que a medida que ia avançando descobrir que os mapas se uniam de forma aleatória e mesmo algumas salas que poderiam ser repetidas, como uma sala pre-chefe, detalhes mudavam como a substituição de uma escada por um teleporte. O jogo consegue ainda ter um bom grau de verticalidade, trazendo variações como múltiplos andares, plataformas, corredores apertados, uma variedade rica e prazerosa de se atravessar. E não se resume a andar por aí e dar tiros, existem áreas que precisará desviar de lasers e impulsos elétricos.
Desafios e Dificuldade
Gostei muito do desafio do jogo, não é algo extremamente difícil, mas apresenta sim certa dificuldade, especialmente se você não tiver com os reflexos em dia. O que acaba facilitando um pouco é que algumas armas oferecem uma área generosa de acerto de dano, especialmente com a adrenalina no nível 5.

Nos mapas normais é possível abusar do posicionamento e decidir se quer avançar de forma calma ou agressiva. Os chefões trazem um maravilhoso bullet hell, onde é necessário aprender os movimentos do inimigo e unir esse conhecimento com bons reflexos para desviar das dezenas de projéteis na sua direção.

Não se engane, alguns ciclos do jogo são bem longos e o jogo sabe ser punitivo. Você pode passar 40 minutos aumentando sua vida e melhorando suas armas, mas como um bom roguelike se você morrer diga adeus aos seus 40 minutos, volte pro começo e faça melhor. E como eu já disse nesse vídeo, o jogo te beneficia se você não tomar dano, mas ele também te pune caso você sofra dano, removendo buffs importantes especialmente nos chefes onde você não consegue recuperar a adrenalina a não ser que tenha um item consumível para isso.

História

Nesse jogo em particular não vou poder opinar sobre a história, fiquei empolgado com o gameplay, pulei alguns diálogos e evitei outros. Em certos momentos do jogo a câmera fica em primeira pessoa, especialmente para decifrar acontecimentos da história, mas eu tenho motion sickness então evitei fazer isso durante quase toda minha jogatina. Vou ficar devendo nesse critério. Do pouco que eu vi, parece ser um enredo ok de ficção científica com um plot twist no fim da história. Detalhe: é necessário zerar mais de uma vez para ter o desfecho completo.

Leão de Bronze

EU RECOMENDO o jogo Returnal, é divertido, com uma boa dificuldade e convidativo para se divertir mais mesmo depois de já ter zerado. Além de outros desfechos da história também terá acesso há um modo de jogo adicional com desafios infinitos onde vai poder meter bala nos alienígenas até ser abatido. Resumo da obra, se você gosta de roguelike e uma bela pitada de bullet hell esse jogo foi feito pra você.

Série de Gameplays

Veja playlist da série completa de Returnal.